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sábado, 26 de junho de 2010

Pedaços de panos metafóricos.


A vida me despi sem eu ver.
Ela tira toda repressão em gesto que eu faço e não percebo.
Embriagada por alguma língua morna, arranca-me discretamente a blusa que escondia mentiras verdadeiras.
Não me espera, invade.
Metade de pele se mostrando e o suor doce de meia dúzia de amigos faz eu jogar, em qualquer canto de chão sujo, a calça que me privava do frio.
E assim eu nem vejo.
E semi nua eu danço nos enfeites da vida.

Risonha eu fico.

As pessoas gozam do meu riso e escondem os próprios prazeres infames. Mas, elas não sabem quão boa é a nudez.

Igual como quando estamos sozinhos, desfilo sem roupas por corredores silenciosos.
Espera, espera, espera...
Descontente eu me arrasto entre os rodapés cinzelados.
E eu compreendo.
E sei.
E calo.
É assim que vida me cobre com qualquer teto que consiga censurar uma passageira sensação de liberdade.

E desse jeito eu percebo a vida me des(pin)cobrin(do).



Silêncio.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Elefante colorido!" ... "Que cor?"


Um de cada vez e...
Para cada SER uma mascarazinha.
Um processo parecido com aqueles de produção em fábricas, sabe?
Para um produto,uma embalagem...
Um produto, uma embalagem...
E assim é que acontece.

É assim desde que nascemos, desde quando damos o primeiro sorriso sem dentes e também desde quando não sabemos nem que existe a morte.
...A inocência não fala mais alto nesse quesito, porque o processo continua: para cada SER uma mascarazinha e então, de uma forma imposta, essa forma oval já se posiciona lá. Já fica estagnada na frente do teu rosto fazendo coceira nos teus ideais.

[Claro que daí tem também o auto-mascaramento.
Que é mais rápido que o silêncio...
Um, dois, três e plim: "vou brincar de ser isso!"]

No entanto, essa não é a minha questão de fundo. Estou falando do olhar alheio...
Aquele que diz o que você é e o que você não é.
Nesse sim, tenho a minha mascarazinha. Nesse sim, os mascarados me colorem.

Nem sei que cor é a minha...


Não sei se é cor-de-rosa e não sei se há brilho...
Não sei se é preta, ou com algum tom que eu não conheço.
Falando seriamente...Pouco me importa qual é a cor.
Mas, sei bem que o que eu tenho aqui dentro é uma individualidade que ninguém além de mim pode tingir. Ninguém, nem um mero espacinho de verde eles têm direito.

Isso porque nesse universo intocável eu faço o que eu bem entender;
aqui eu me tinjo do tom de qualquer som.

Más-caras-zinhas...


Não é difícil saber que alguém nesse mundo brinca de tingir os nossos rostos iguais fazíamos com aqueles livrinhos de criança.
O difícil é perceber que não precisamos disso para sorrir.


Você é o que você sente.
Olhos são só instrumentos.
Saiba sentir.
Entreemti

Saiba.

Saibasemter e agora

S-a-i-a-d-a-q-u-i.


sábado, 12 de junho de 2010

Para alguém que não existe mais.


Prestando atenção em detalhes descartáveis, eu passei alguns dias lendo e relendo certos cadernos velhos, rabiscos em cadernetas e tentativas de poemas atrás dos livros de matemática.
Eis então, no meio de uma montanha de velharia, que me pego rindo sozinha num riso calmo de solitude.
Embriagada com tantas letras fora do lugar e erros tolos demais para ser verdade, comecei a perceber que eu ainda insisto em escrever lixos orgânicos.
Comecei a entender que eu ainda prego a teimosia de usar as palavras para dizer que eu amo viver.
(...)

Se a Tassi de antigamente soubesse que eu continuo lambendo as palavras com prazer, ela ficaria surpresa e diria: "não cansaste disso?; nossa, como eu sou parecida contigo!"

Queria tanto que ela soubesse que hoje eu faço Letras. Talvez assim, ela ficaria satisfeita em ver que todas as emoções postas nos cantos de tantas folhas não foram tão em vão assim.
...
Queria tanto que ela soubesse.
Ah, justo ela que pensava freneticamente e queria muito saber como seria eu com vinte anos.

Uma pena que o nosso passado é encubado né?!
Uma pena saber que a nossa vida é apenas sonho.





Tem-po, tem-po, tem-po é pó de serra.


Às vezes há uma necessidade grande em fazer inspirar, não é?!
Três horas e meia para tingir o caderno com algumas frases que nunca(?) foram formadas.
Nesse meio tempo passa uma lista de assuntos com mais de vinte convites para um começo.
Vinte convites tolos e comuns demais para fazer expressar.
Assim, tento empilhar ideias.
Parecidas com as cenas de Camila do filme "Nome Próprio", as horas faziam sequências de imagem em cada canto do quarto em que eu ficava estacionada pensando por dez ou quinze minutos.
E então...
"Que tal falar da vida?"
...Não, A vida é muito incerta.
''do ''amor''?"
Bom, seria um tema adequado para o dia dos namorados, no entanto, romântico demais para a minha vontade e para os meus ideais.

''do ego?''
...Cansada dele.

''E DO VAZIO?''
Estou cheia demais.

"da morte?"
...Muito certa pra mim.

...

...

...

TRÊS HORAS E MEIA E, E...E...

E não achei nada que eu quisesse, realmente, dizer.