O balanço do ônibus faz dançar uma cantiga de roda dentro de mim e a cada hora que passa o repertório parece acabar. Mas ele não acaba, ele é eterno e a melodia continua a rodar.
Enquanto meus órgãos dançam junto ao fator externo eu vou namorando cada espaço do caminho que percorro.
Só que dali então... ESCURECE e nem as amargas casas eu posso condenar por suas imperfeições, muito menos as delícias vivas de cada copa de árvore eu posso amar por um segundo que seja.
Os flashs de faróis acessos parecem um vai e vem de vagalumes apressados. E selecionar pessoas das ruas para inventar narrações e rir sozinha eu já não posso.
Tudo isso porque escureceu.
E quando escurece o breu faz silenciar qualquer coisa externa que faça lembrar que o chão que piso é falso.
Resta agora só 1,2,3 bancos à frente...
Cabelo negros, brancos, vermelhos...
...
Ah, e um relógio lá no começo do grande automóvel...
Ele parece tão ingênuo, mas é ele quem faz meu estômago dançar freneticamente quando ouve a famosa cantiga de roda...
Que roda, roda, roda...
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