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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Et infinitum

Atiraram a metade da laranja para fora da janela
Sacudiram a minha vida, me colocaram de cabeça pra baixo
O sangue desceu

O bombear
A pressão
O desnorteio

O desnorteio é falta de norte
De rumo
De rastros que te aponte
A ponte é algo que se passa
Atravessa
que se leva 
Cheia de levas é a vida.

Ontem levei um soco no estômago
E no âmago me doeu.

O bucho não sossegou desde então...

E se antes eram borboletas, pouco depois virou azia.

Parecia comichão! Uma angústia que caminhava por todo meu corpo.


Soluços fortes pareciam risos
Ia arrancando, 
dando gaitadas
Freava e acelerava feito qualquer veículo motorizado

A tristeza é um prato cheio
Cheio de todos os tipos de solidão. 

Solidão ao molho pesto
Solidão à parmegiana
Solidão refogada com brócolis e alho e óleo
Solidão com cobertura de chocolate

O nó na garganta se faz de linguagens!

Eis que o moço falava calmo:

"Isso é coisa pouca para chorares assim"

Eu queria ouvi-lo, mas era dor demais para pouco ouvido.


... E o soluço cantava até desafinar de fininho.

E, aos poucos, me ia finita de infinitudes.

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