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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Estéril

Milimetricamente contado e estou aqui de novo: a cara miúda, cinco rugas a mais, olhos marejados e os dedos ácidos que se tremem na ânsia de um dizer. Há quanto tempo deixei de lado o vício de escoar letras? Um ou dois anos? Já nem sei.
O que sei é que a sensação é a mesma: o corpo se infla por dentro, vai acelerando, uma vontade de esbravejar, mas não só.  
Um urro de um lobo, algo que te vira do avesso, as tripas se arrastam no chão e finalmente o gozo, a extasia, a dança frenética do corpo e de algo que flutua aqui dentro que até hoje não sei dizer o que é.

Eu que já havia tentado voltar aqui tantas vezes...

Em meio as mil janelas que são abertas no computador, entre as músicas, as pesquisas, as crônicas que tiram o sorriso de canto, estava lá: o blog e sua falência. Abria-o, olhava-o, digitava uma ou duas palavras, e de imediato clicava o X vermelho do canto da tela que era para fugir do instante. 

Foi um jeito que criei pra postergar essa ladainha de sempre. Essa insistência imbecil de dizer a mesma coisa, de estar sempre falando do ato enquanto poderia contar causos, ou escrever qualquer coisa tragável, importante, funcional. Mas hoje...

ainda-não há-o gozo-da dor-do choro-do alívio-da fúria-do extermínio-da lucidez. mas-já-lavei-a-cara-o corpoencolhidoedesajeitado-tudo-pra-criar-coragem-de-dizer-de-novo-e-imbecilizar-palavras. 

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