Enquanto ele dormia, repensava
sobre os dias que deixei de registrar os des(amores) da vida. Regava a flor, sem
precisar de sua mão. Para mim, dia. Mas ele dormia profundamente e não
conseguia me ouvir, tampouco me enxergar. Eu dançava e, por vezes, falava no
ar, mas o momento era como se não houvesse som, como se minha voz fosse muda e
minha expressão soasse como desespero. Ele
não me via, mas a tempestade já molhava meu corpo todo. Meus olhos, o desafino
da vida, ele jamais veria. Surrada, desalinhada, buscando prazeres que a vida
não tem. Meio séria, desentendida, semblante vazio. Os encontros já não
acontecem, eu não disfarço, não finjo, não minto orgasmos, mas quando acorda só
vê a calmaria, me apalpa dizendo carinho e a concretude do corpo o faz pensar
que ainda estou aí. Então sorri num desentendido “bom dia, amor!”. E eu
o aceito...
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