Porque a fome apareceu
que me fizeram sentar ao lado de dois corpos para que eu comesse o que me era
oferecido.
Eu já nem queria,
estava refogada toda de sal e água quente.
Mas eu comi.
Sentei na cadeira que
de tão dura não me fez afundar. E por
não ter conseguido afundar caí com a cabeça bem acima do prato afogado de
comida.
E, acreditem ou não, era uma disputa
interna entre quem chegaria primeiro ao prato: minha boca, meu nariz ou meus olhos.
Meus olhos nem estavam
ligando praquilo tudo, queriam apenas ser fechados ao modo que não
pudessem ver mais nada que lhes chateassem.
Minha boca só abria
porque o garfo já estava estocado de comida e também porque só lhe havia a obrigação de comer, mais
nada.
Meu nariz é que ficou
bobo com a vitória de ter encontrado o gelado do prato em primeiro lugar. Saiu
pingado com o suor do feijão.
A felicidade foi mais
efêmera do que eu pensava. Descontentou-se no segundo em que enfiei minha mão
na frente do rosto.
Ué, ficaria eu com o
nariz todo enlameado de caldo?
A comida estava boa,
mas falei pra minha boca ficar quieta. Não precisaria agradecer naquele
momento. Não queria conversar, queria sossego.
E sosseguei depois de
me ter saciado, molhando meu rosto todo com o sol das 16 horas.
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