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segunda-feira, 26 de março de 2012

MEIO DIA


Porque a fome apareceu que me fizeram sentar ao lado de dois corpos para que eu comesse o que me era oferecido.
Eu já nem queria, estava refogada toda de sal e água quente.
Mas eu comi.
Sentei na cadeira que de tão dura não me fez afundar.  E por não ter conseguido afundar caí com a cabeça bem acima do prato afogado de comida.
E, acreditem ou não, era uma disputa interna entre quem chegaria primeiro ao prato: minha boca, meu nariz ou meus olhos.
Meus olhos nem estavam ligando praquilo tudo, queriam apenas ser fechados ao modo que não pudessem ver mais nada que lhes chateassem.
Minha boca só abria porque o garfo já estava estocado de comida e também porque só lhe havia a obrigação de comer, mais nada.
Meu nariz é que ficou bobo com a vitória de ter encontrado o gelado do prato em primeiro lugar. Saiu pingado com  o suor do feijão.
A felicidade foi mais efêmera do que eu pensava. Descontentou-se no segundo em que enfiei minha mão na frente do rosto.
Ué, ficaria eu com o nariz todo enlameado de caldo?
A comida estava boa, mas falei pra minha boca ficar quieta. Não precisaria agradecer naquele momento. Não queria conversar, queria sossego.
E sosseguei depois de me ter saciado, molhando meu rosto todo com o sol das 16 horas. 

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