As mesmas músicas me choram
tentando comover com suas notas de esvaziar vazios. Duas ou três lágrimas se desfazem
dos meus olhos, mas ainda sinto o sufoco contraído com o nó que vai do peito à
garganta.
Eu
não tenho motivos pra chorar, eu pensei.
Mas
quem disse que para chorar precisa de motivos?
E como se não me contentasse com a própria resposta indagativa, penso na maior dor
dos últimos tempos para não parecer vulgar ou piegas demais com lágrimas à toa.
Penso nas dores
passadas: coloco-me de frente à inquisição; ao holocausto; a primeira e segunda
guerras; vou pro Oriente Médio; me revolto junto aos trabalhadores com as reivindicações operárias em Chicago; me volto aos sem-terra, caminho pelo sertão,
entro no meu quarto...
E como qualquer truque
barato
E como qualquer receita
de bolo
...Mísera bula de um
mísero remédio
Meu rosto é de água. E
sinto-me estúpida como quem chorou demais.
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...E então tudo para de repente!
Acabou a música. Acabou o som. Acabou a etapa.
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...E então tudo para de repente!
Acabou a música. Acabou o som. Acabou a etapa.
Agora sem nó e sem dó,
sinto-me seca.
Sem
água, sem sal e sensibilidade.
Tinta fresca no armário.
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