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sábado, 28 de novembro de 2015


MÃOS. MINHAS MÃOS! É certo que as tenho observado constantemente nos últimos dias. Tão pequenas e encolhidas em meu mundo. Às vezes, discretas, tímidas, dentro dos bolsos, quando não na boca, enfiada aos dedos entre os dentes. Vinte e cinco ano de mãos, quase vinteeseis. Já não são mais as mesmas que antigamente, mas têm me equilibrado aos montes em todo esse tempo. 

Talvez agora trabalhe mais e embora eu não tenha mais o calo no dedo anelar da mão esquerda, meus calos estão em outras partes do corpo.
Mãos com unhas fracas, esbranquiçadas, sem força e sem cortes. Sensíveis ao sol, sem linha longa da vida. Las manos! Tenho as duas. Elas que percorrem meu corpo quando preciso de carinho e me molham de prazer ao ser ausência. Mãos amadurecidas, de contato, de mãos apertadas. Sem pressa. Massageiam corpos que não são os meus; abraçam outras mãos, translaçando os dedos. Uma com a caneta na mão, a outra segurando um dos joelhos ou apalpando uma das pernas. Canhota ao escrever, ao apontar, ao girar a chave e puxar o gatilho. Confesso que a esquerda me domina.
As mãos já não me traem, me atraem. Não me seguro nos prazeres. Vou inteira. Se não gosto: enfio-as embaixo das axilas, nego com os dedos. Abro a porta, vou embora. Se gosto: fico, abraço, puxo. No nervosismo, à suo, a roo, a engulo. Com fome, cheiram a alho.


Sem reza. nem para trás nem para frente. coçando o nariz ou os olhos. por vezes, limpando lágrimas.  sem anéis, sem tinta, sem nada.  Do apuro, recuo.

Um comentário:

Unknown disse...

Bela perspectiva, projeto de dizer impecável ao longo do tempo. Trabalho sendo realizado a cada dia. Mais e mais.