Madrugada não me deixa dormir, ela é o silêncio mais maldoso que já vi.
Disfarça com esses olhos de criança esquecida no parque.
A cidade tenta me dizer que há algo a menos do que todos nós pensamos que há.
Menos vida, menos certeza, menos calor, menos amor.
Ou ela me engana ou ela me alerta.
Atento-me aos olhos das luzes das casas, prédios e praças e pergunto-lhes:
- "se existe algo além disso, acendam as luzes. Se não existe, apaguem por favor".
Responderam-me quase que de imediato.
E então, luzes se apagaram, luzes se acenderam...
Algo aperta aqui dentro. Meu coração se enrosca feito um parafuso e meus olhos ofuscam com lágrimas a paisagem morta da noite.
Vou dormir para não começar o desespero da não vida.
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