Só peço mesmo por ter a certeza de que o senhor não me salvará de qualquer mísera faxina e muito menos de quaisquer breves sensações de uma pseudo-paz.
Portanto,
Em nome da paz, em nome da força, em nome da estabilidade sagrada. Amém!
Ser poeta é ser doce, é ser real.
É ser mentiroso e sentimental.
É fotografar com a linguagem.
É viver minuciosamente.
Ser poeta é des(iludir); é compreender; é confundir.
É não ser inerente e ser efêmero.
Ser poeta é se esconder em fisionomias comuns.
É brincar com sentimentos...
É agravar ou amenizar situações.
É fazer tempestades em copos d’água e, ao mesmo tempo, ser tão despreocupado com tudo.
É destemer...
É querer. É sentir e pensar.
Ser poeta é desenhar a alma em palavras
É fazer o feio ficar belo.
É escrever o que é trivial de forma, desesperadamente, relevante (?)
É ser doente de um amor e curado de um outro também.
É viver numa masturbação constante.
É querer essa masturbação constante.
Na verdade, é querer gozar e nunca conseguir.
Ser poeta é mesclar o preto e branco.
É ser pintor e por isso, pintar gotas de sorriso...
Gotas de sensibilidade e quiçá, lágrimas de verdade.
É costurar ideias; é pregar sentimentos...
É não ser nada aos olhos de quem não sente. É querer ser nada e, mesmo assim, não conseguir ser NEM um nada e NEM um tudo...
Nem um ''mero'' marginal, nem uma Clarice.
Nem o papel amassado na escrivaninha e nem o ensopado da cozinheira.
Ser poeta é construir aos poucos uma colcha (ou lençol, ou teto, ou tapete, ou tudo) de sentimentos humanos.
É não acabar ( jamais) essa colcha.
É viver num infinito e dolorido estado de:
Tent(ação).
Ser poeta? ... Eu que não!
Era quase como um dançar levemente
Um chorar calmo...
Um suor febril de prazer
Era quase que um gozo amoroso ou então, um embalo rítmico que só o vento traz.
Que só a areia traz
Que só a praia tem
Que SÓ o mar tem
Que só o sol mostra...
Que solitude sustentada por pele é essa, “meu deus”?
Que corpo é esse QuE
bAlAnÇa
AsSiM?
Encheram demais o meu balão de ar.
Mas encheram ao modo de que ele não estourou.
Meu balão de ar está cansado e não consegue mais pensar.
O vento não quer levá-lo para passear, e até tenta me enganar dizendo que ele está pesado demais.
Preciso esvaziar meu balão; ninguém mais está chegando perto dele porque ele anda nervoso ao ponto de ter gente ditando sistematicamente: “Balãozinho, tu precisas descansar, fazer terapia, ir à festas de crianças... Sei lá, estressar-se menos, pensar menos...”.
Mas ele logo retruca: “sou bem grandinho e não participo de festas de crianças. Ah, e em festas de adultos não se usa balão”.
Nunca vi “alguém” assim: que tem tanto oxigênio e não respira direito.
Nunca vi “alguém” que não está cheio do vazio.
Nunca vi "alguém" tão colorido e tão apático.
...Hoje me olhei no espelho.
O espelho me sorriu dizendo: tu estás parecendo o teu balão.
(A cada dia que passa eu percebo a gama de falas precipitadas que já mencionei).
“__Tia, por que casaste com o tio Don Juan?”
“__Querida, a gente não escolhe quem ama”.
“__Claro que escolhe, eu não vou gostar de alguém com cara de coelho, que usa sapatênis e as calças pra cima. Nem mesmo um safado assim”.
“... Não vou gostar de uma pessoa que me trata desse jeito e que tenha esse feitio. Muito menos de um Ser que tenha um gosto musical insuportável e que se interesse por coisas frívolas”.
(...)
Há mil cento e noventa dias eu sou a prova de que a língua não tem osso.
Sabemos que são os cupidos que acertam aquelas flechas em nossos corações.
Pois bem, no meu caso, o meu cupido só poderia ter sido um calouro.
(...) Além de errar o alvo e esquecer-se de fazer com que fosse recíproco, o espertinho ainda teve a capacidade de me manter em cativeiro, amarrar um pano na minha boca e sussurrar mil cento e oitenta e cinco vezes todas as noites dizendo o seguinte:
“se tu contares a alguém a burrada que fiz, tu vais se vir comigo”.
Juro que até hoje eu não consegui imaginar a dor maior que um cupido possa me oferecer.
Contração
Suspiros
quase que falta de ar
contração
suspiros
quase que uma puta falta de ar e uma martelada leve em meu corpo escamado de dúvidas.
Tum Tum Tum e não se sabe de onde vem o barulho.E não se sabe de onde vem...Se é do martelo ou se é de algo lá dentro.
Falta de ar.
Uma PUTA falta de ar e a burrice.
Bem abaixo dos teus olhos eu me encontro.
Tu olhas pra mim com um olhar melancólico. Algo do tipo: “não desanime, pequena”.
Eu não enxergo o teu olhar, mas sinto que é dessa forma que me vês.
Tenho ímãs colados por toda a minha carne. Nada consegue me tirar da anestesia.
Meus olhos só conseguem visualizar imagens psicodélicas. Estou fora da realidade.
Estou enterrada e sem nenhuma vontade de sair daqui.
Prazer, garot@...
Eis aqui uma mortal conscientemente alienada.
Quantas garfadas? Quantos banhos tomados? Quantos acenos de mão?
Quantos dias...
Quantos anos já (?) e eu sei de nada. Eu faço nada!
No máximo eu tropeço;
Eu esqueço...
Bem às vezes é que eu consigo me jogar (ou, acreditar que me jogo).
Mas e daí?,
que cargas d’águas faço eu aqui nessa bolha?
Ando ocupando lugares; tapando buracos; preenchendo avenidas...
Fico enfeitando bancos de praça e sorrindo para outros matadores de tempo.
Mas eu também assassino as horas, maltrato os segundos e asfixio as (quem sabe) futuras pequenas sensações de êxtase. Além disso, dou um jeito de repousar trezentos minutos a mais todos os dias. Depois, mentalmente eu:
Corro
Corro
Corro e choro porque tem um coro que diz: “Hoje! Hoje! Hoje é o dia!”.
E então, eu Dona Maria Ninguém da Silva, esqueço-me de que hoje é o dia porque amanhã eu nem lembrarei de que hoje existiu e, imediatamente, lembro-me de que já pensei nisso antes.
De novo eu choro, mas mais que antes porque agora eu percebo que não consigo viver de verdade. É neste perceber que esfolo a terça parte das horas que eu poderia, atentamente, degustar do todo que me encanta.
Eu me anulo a cada dia que passa...
( E o que eu quero é desmorrer logo).
Ora, eu sei ser romântica quando quero. Só não sou porque não tenho vontade...
E mesmo que tivesse,
Aqui eu jamais seria.
.
.
.
(Hoje eu acredito veemente nisso).
Para cada palavra em que aqui eu coloco de molho é formado um puxão de orelha.
Não só puxões de orelhas como também mordidas, socos, beliscões e até arranhões.
Coisa de “alta” violência. Caso de automutilação.
É como se eu quisesse me ensinar a viver de verdade, compreendes?