Encheram demais o meu balão de ar.
Mas encheram ao modo de que ele não estourou.
Meu balão de ar está cansado e não consegue mais pensar.
O vento não quer levá-lo para passear, e até tenta me enganar dizendo que ele está pesado demais.
Preciso esvaziar meu balão; ninguém mais está chegando perto dele porque ele anda nervoso ao ponto de ter gente ditando sistematicamente: “Balãozinho, tu precisas descansar, fazer terapia, ir à festas de crianças... Sei lá, estressar-se menos, pensar menos...”.
Mas ele logo retruca: “sou bem grandinho e não participo de festas de crianças. Ah, e em festas de adultos não se usa balão”.
Nunca vi “alguém” assim: que tem tanto oxigênio e não respira direito.
Nunca vi “alguém” que não está cheio do vazio.
Nunca vi "alguém" tão colorido e tão apático.
...Hoje me olhei no espelho.
O espelho me sorriu dizendo: tu estás parecendo o teu balão.
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