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sexta-feira, 18 de março de 2011

BALOEIRA


Encheram demais o meu balão de ar.

Mas encheram ao modo de que ele não estourou.

Meu balão de ar está cansado e não consegue mais pensar.

O vento não quer levá-lo para passear, e até tenta me enganar dizendo que ele está pesado demais.

Preciso esvaziar meu balão; ninguém mais está chegando perto dele porque ele anda nervoso ao ponto de ter gente ditando sistematicamente: “Balãozinho, tu precisas descansar, fazer terapia, ir à festas de crianças... Sei lá, estressar-se menos, pensar menos...”.

Mas ele logo retruca: “sou bem grandinho e não participo de festas de crianças. Ah, e em festas de adultos não se usa balão”.

Nunca vi “alguém” assim: que tem tanto oxigênio e não respira direito.

Nunca vi “alguém” que não está cheio do vazio.

Nunca vi "alguém" tão colorido e tão apático.


...Hoje me olhei no espelho.

O espelho me sorriu dizendo: tu estás parecendo o teu balão.

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